A embriologia do sistema circulatório inicia com a formação dos primeiros vasos sanguíneos, durante a 3º semana de gestação, a partir de pequenos aglomerados celulares no mesoderma extra-embrionário que reveste externamente a vesícula vitelínica. São as ilhotas sanguíneas, ou ilhotas deWollf.
No início são maciças, mas logo se transformam em células achatadas dando origem às células endoteliais. As células que ficam livres no interior se diferenciam em células sanguíneas primitivas. Observamos, então, que o mesoderma tem o potencial angiogênico (formar vasos) e hematopoiético (formar sangue).
As células endoteliais proliferam e se juntam formando tubos, que são os primeiros vasos sanguíneos. Eles acabam por se comunicar e formam, assim, um plexo vascular na parede da vesícula vitelínica.
No início da 4º semana surgem vasos sanguíneos por todo o mesoderma intra-embrionário estendendo-se do pedículo do embrião ao local onde surgirá a placenta .
Também na quarta semana, a partir do mesoderma que envolve a porção mais anterior do celoma, surge um tubo endotelial onde irão se diferenciar elementos musculares com contratilidade própria, é o tubo cardíaco primitivo.
Este pequeno tudo cardíaco resulta da fusão de dois tubos cardíacos endocárdicos.
Sistema cardiovascular de um embrião com 26 dias
O Desenvolvimento do Coração
Durante a gastrulação, o mesoderma da linha primitiva cresce em direção cefálica, posicionando-se à frente a aos lados da placa precordal. O mesoderma dessa região forma a área cardiogênica. Nessa área o mesoderma cardiogênico sofre um processo de delaminação, formando um folheto parietal e um folheto visderal, que irão delimitar a cavidade pericárdica.
É a partir do folheto visceral que as células mesenquimais confluem-se para formar os dois tubos endocárdicos que mais tarde se fundem para formar um tubo cardíaco único. Nesse momento, na esplancnopleura, há um espessamento das estruturas que irão formar o miocárdio e o folheto visceral do pericárdio.
Cardiogênese A – Embrião com 17 dias. Formação do tubo cardíaco, observar a proximidade com o encéfalo primitivo. B – Corte transversal do mesmo embrião de A. Observam-se os dois tubos endocárdicos e o celoma pericárdico. C – Embrião com 20 dias. Formação da cavidade pericárdica e início da fusão dos tubos cardíacos. D – Embrião com 22 dias. Fusão dos tubos cardíacos. E – Embrião com 27 dias. Início da torção do tubo cardíaco e degeneração do mesocárdio dorsal. F – Corte transversal do mesmo embrião de E.
É possível reconhecer nessa fase cinco regiões no tubo cardíaco. São elas: bulbo aórtico, bulbo cardíaco, ventrículo primitivo e seio venoso. O seio venoso é a extremidade caudal do tubo cardíaco e nele desembocam três pares de veias: vetilinas, umbilicais e cardinais comuns.
No final da 4º semana o coração possui, ainda, forma tubular com câmaras comunicantes e dispostas em série. A próxima etapa é a torção do tubo cardíaco e a septação de suas câmaras.
As Torções do Tubo Cardíaco
A torção ocorre pelo crescimento do tubo cardíaco, mais acentuado que a expansão da cavidade pericárdica. Essa restrição da cavidade faz com que o tubo gire em torno do seu próprio eixo. Essa torção ocorre tanto no plano sagital como no plano frontal.
A torção no plano frontal faz com que o ventrículo direito vá se posicionar à direita e o ventrículo esquerdo à esquerda.
A torção no plano sagital desloca o seio venoso e o átrio primitivo para uma posição mais dorsal.
A septação ocorre simultaneamente ao processo de torção, é esse processo que permite a separação entre os átrios e os ventrículos com a formação dos orifícios atrioventriculares.
A separação entre os átrios com a permanência de um forame de comunicação entre ele fundamental para circulação fetal, o forame oval. E o surgimento do septo interventricular que separa o ventrículo esquerdo do ventrículo direito.
Processo de septação das câmaras cardíacas