A laringe constitui importante segmento do aparelho respiratório, altamente diferenciado, pois desempenha não só função respiratória como também fonatória.
Está situada na região infra-hióidea, abaixo da faringe e acima da traquéia. É formada por um arcabouço musculo-cartilaginoso. As cartilagens da laringe são cinco:
– Tireóide: tem forma de um livro aberto para trás e é conhecida vulgarmente como “pomo de Adão”;
– Cricóide: situada logo abaixo da tireóide, à quem está ligada pela membrana crico-tireóidea e possui formato de anel, cujo engaste está voltado para trás;
– Aritenóides: são duas, uma para cada lado, em forma de pirâmide triangular de grande eixo vertical, estão apoiadas pelo engaste da cartilagem cricóide. A base da cartilagem aritenóide apresenta duas apófises: a apófise vocal, que dá inserção à corda vocal; e a apófise muscular, onde se inserem os músculos adutores da glote;
– Epiglote: localizada no orifício superior da laringe e funciona à maneira de opérculo protetor das vias aéreas inferiores durante a deglutição.
Existem ainda outros quatro nódulo cartilaginosos situados dois pares de cada lado sobre a cartilagem aritenóide e a prega aríteno-epiglótica, são as cartilagens de Santorini, conhecida na nova nomina anatômica por cartilagem corniculada e Wrisberg, agora cartilagem cuneiforme.
Estas cartilagens estão ligadas entre si por ligamentos e articulações que permitem o deslizamento de uma cartilagem sobre a outra, em movimentos ântero-posteriores, de lateralidade e basculante, sobre influência da ação dos músculos da Laringe.
Laringe – Vista Anterior e Lateral
Músculos da Laringe
– Tíreo-aritenóideo: músculo par, que constituí a própria corda vocal e se insere, adiante, no ângulo entrante da cartilagem tireóide e, atrás, na apófise vocal da cartilagem aritenóide; limita, com o lado oposto, o espaço epiglótico.
– Aritenóideo transverso: músculo impar, que vai de uma cartilagem aritenóide à outra. Ao se contraírem aproxima as aritenóides e, portanto, as cordas vocais.
– Aritenóideo obliquo: músculo par, origina-se da face posterior da cartilagem aritenóidea e cruza obliquamente a laringe de baixo para cima, indo inserir-se no ápice da face posterior da cartilagem aritenóide do lado oposto. Quando contraí estreita a rima da glote ao bascular para dentro as cartilagens aritenóideas.
– Crico-aritenóideo posterior: músculo par, que se insere, de um lado, na face posterior do engaste cricóide e, de outro, na apófise muscular da aritenóide. Ao contrair, provoca um movimento basculante da aritenóide trazendo a apófise vocal para fora e para trás. Também conhecido como músculo dilatador da glote.
– Crico-aritenóideo lateral: músculo par, situado um de cada lado. Insere-se, de um lado, na porção lateral da borda superior da cricóide e, de outro, também na apófise muscular da aritenóide. Quando contrai, desloca a apófise vocal para dentro e para frente. Devido sua ação também é chamado de músculo constritor da glote.
– Cricotireóideo: músculo par, que se insere na face anterior das cartilagens cricóide e tireóide, ao lado da linha mediana, na região infra-hióidea. Ao contrair, traciona a tireóide para baixo, distendendo a corda vocal.
De acordo com sua ação, os músculos do laringe dividem-se, portanto, em:
Adutores – aproximam as cordas vocais, também chamados de constritores da glote, são eles: crico-aritenóideos e aritenóideo transverso e oblíquo.
Abdutores – afastam as cordas vocais, também chamados de dilatadores da glote, são os crico-aritenóideos posteriores.
Tensores – distendem as cordas vocais, são os tíreos-aritenóideos e os crico-tireóideos.
Inervação da Laringe
Toda a inervação motora dos diferentes musculos da laringe é fornecida pelo nervo laríngeo recorrente, com exceção do músculo crico-tireóideo, cuja inervação é feita pelo nervo laríngeo superior, nervo misto que também é responsável pela sensibilidade da mucosa laríngea.
O nervo laríngeo superior é ramo colateral do nervo vago. Corre medialmente a artéria carótida interna e divide-se em dois ramos, um externo e um interno. O ramo externo dirige-se para baixo e para diante ao longo da face lateral do músculo constritor inferior da faringe. Ao longo do seu trajeto fornece um ramo para o músculo constritor inferior e inerva o músculo crico-tireóideo. Tem uma relação de proximidade estreita com a artéria tireóidea superior.
O ramo interno, passa entre o músculo tíreo-hióideo e a membrana tíreo-hióidea, penetrando a membrana tíreo-hióidea acompanhado pela artéria laringéia superior. O nervo laríngeo superior enerva parte da base da língua, as valéculas, a epiglote, o seio piriforme, o vestíbulo, as bandas vestibulares e o ventrículo laríngeo. Enerva ainda a região posterior da laringe e anterior da faringe, ao nível da cartilagem cricóide.
O nervo laríngeo inferior ou recorrente é igualmente ramo colateral do nervo vago. Após a sua origem tem um trajeto ascendente, percorrendo o sulco traqueo-esofágico, acompanhando o bordo posterior do lobo lateral da glândula tireóide, sendo a sua face anterior, na maior parte dos casos, cruzada pela artéria tireóide inferior. Penetra a laringe, acompanhado pela artéria laríngea inferior, imediatamente atrás da articulação crico-tireóide.
Divide-se em dois ramos, anterior e posterior, podendo esta divisão efetuar-se antes do nervo penetrar na laringe. O ramo anterior passa acima a à frente da porção mais lateral do músculos crico-aritenóideo lateral e tiro-aritenóideo. O ramo posterior enerva os músculos crico-aritenóideo, aritenóideo transverso e aritenóideo oblíquo.
Vascularização da Laringe
A laringe é vascularizada pelas artérias laríngea superior, laríngea inferior e artéria cricotireóidea. A artéria laríngea superior é ramo da artéria tireóidea superior, tendo origem junto ao pólo superior do lobo lateral da glândula tireóide.
Após sua origem passa horizontalmente pela porção posterior da membrana tíreo-hióidea juntamente com o ramo interno do nervo laríngeo superior. Atravessa de seguida a membrana, por baixo do nervo e corre por baixo deste na submucosa da parede lateral e do pavimento do seio piriforme. Irriga a mucosa e os músculos da laringe.
A artéria laríngea inferior é ramo da artéria tireóidea inferior. Corre ao longo do trajeto do nervo laríngeo recorrente até à face posterior da articulação crico-tireóide, penetrando a laringe através de um orifício profundo, relativamente ao bordo inferior do músculo constritor inferior da faringe (área de Killian-Jamieson).
Irriga a mucosa e músculos e anastomosa-se com ramos da artéria laríngea superior. A artéria cricotireóidea é ramo da artéria tireóidea superior e origina-se ao nível da membrana cricotiróide.
As veias da laringe são constituídas essencialmente pelas veias laríngeas superior e inferior que apresentam um trajeto semelhante às artérias, drenando para as veias tireóideas superior e inferior, respectivamente.
Espaços da Laringe
A cavidade laríngea é dividida em três espaços, andares ou regiões.
– Glótico: constituído pelas cordas vocais, que limitam entre si o espaço denominado glote
– Supraglótico: vai das cordas vocais até a abertura superior da laringe. Os limite do abertura superior da laringe é formada anteriormente pela borda livre da epiglote, aos lados, pelas pregas aríteno-epiglóticas; posteriormente pelos vértices das cartilagens aritenóides.
A superfície interna do andar supraglótico (vestibulo larígeo) apresenta, nas paredes laterais, duas pregas mucosas denominadas falsas cordas vocais ou prega ventriculares, que não desempenham função, e delimitam com as cordas vocais verdadeiras um espaço, conhecido como ventrículo laríngeo ou ventrículo de Morgagni.
– Infraglótico: estendes desde as cordas vocais até um plano imaginário que passa pela borda inferior da cartilagem cricóide.